Minha querida,
Ainda nao sei seu nome mas ja te amo, minhas palavras faltam na sua presença. Te conheço faz anos vivemos, cada um a seu modo, a degradaçao da vida e as angustias e sofrimentos de uma vida que nao faz mais sentido que nada tem reservado para nos. Mas me penitencio por este amor, como poderia eu, amar novamente, como teria eu direito a uma nova vida. Nao! eu nunca poderia fazer isto com ela, sou casado.
Se nao te digo nada e por que as palavras so atingem uma camada de nossas vidas e, como voce sabe bem, nada temos a dizer podemos falar mas tudo que falarmos nao sera capaz de traduzir os olhares e a vida que recuperei olhando pela janela embassada de meu apartamento. O que mais impressiona e a vida que existe naquele pulgueiro em que vives revela toda a sua alma, revela seu desespero. Sua miseria esta estampada naquele quarto, bem como a minha viste no vidro do prato vermelho.
Nao, em sua presença nao tenho vergonha de ser quem sou e de andar e de mostrar meu membro em riste, mas bem sabes que a droga nao permite que eu seja ninguem assim como nao es. Teu olhar placido e complacente me deprime , por que todos a quem revelei meu desespero materializado naquela droga, que agora percebo que ante sua presença nao tenho coragem de dizer o nome, mostrou pena, julgamento e indiferença. Nao voce nao vc entende a minha degradaçao
Nao sabemos o por que nos tornamos estes seres subumanos mas compreendemos a nossa falta de existencia, nossa morte em vida, somente com nossos olhares e o que importa o que veio antes, nos ainda temos uma subsistencia pela frente. Ahhh se eu nao fosse casado, certamente tomaria a ti em meus braços e, talvez, tivesse direito a uma nova felicidade. Mas infelizmente nao pode ser. Amo te em segredo entao. Nao me deixe, mantenha sua vida, para que um dia eu possa encontrar a borboleta que me libertara de todo desespero e me dara uma nova vida.
Sempre seu Carlos