"Esta é a época em que tudo foge das casas, elas não conseguem mais reter nada", fiquei parado durante pelo menos uns quinze minutos nesta frase do Rilke, devo dizer um autor que me surpreendeu positivamente. Não sei bem se trata-se de unm mero sentimentalismo, devido a minha vida, ou se ela me fez um apelo essencial sobre o nosso modo de ser, o modo de ser do nosso tempo. Prefiro acreditar nos dois e, por isto, divagar um pouco sobre o que talvez seja este apelo essencial.
Três palavras incitam nesta frase, a primeira é tudo; a segunda foge e a terceira reter. Embora pareça claro o tudo que foge não se retém permanece indefinido o sentido de uma quarta, qual seja casa. Assim, para que possamos descobrir o que é este tudo que foge e que não pode ser retido é indispensável entender o que é a nossa casa. Mas talvez esta pergunta seja aquela que não pode ser respondida, pelo menos não com palavras. Isto, contudo, não pode nos impedir de tentar nos aproximar disto
Aqui nos encontramos com um problema, se não podemos apelar diretamente as palavras para encontrar este sentido de casa por onde poderíamos começar? Vejo duas opções, finalizar este texto apelando para a percepção de cada um e manter a indeterminação do sentido ou seguir o apelo que o autor nos faz procurando o sentido a partir daquilo que podemos falar, se pudermos não encontrar a determinação mas pelo menos nos aproximar dele estaremos mais aptos a falar de todo o resto.
O que podemos dizer, com alguma certeza, sobre a casa. Isto não parece também vir em nosso auxílio, por que há tantas definições que escolher uma seria meramente um ato arbitrário de nossa parte, e devido a seriedade do assunto não podemos nos dar ao luxo de nos permitirmos qualquer platitude. Deveremos buscar então outros critérios que possam vir ao nosso auxílio.
Contudo, pelo menos por enquanto, vamos nos dar tempo para pensar que critérios poderiam ser estes. Isto por que se por um lado a indeterminação não pode responder nossas angústias talvez nossas angústias possam falar mais alto em busca de um critério e, então, a arbitrariedade, como mero acaso, possa nos colocar no caminho.
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