terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
O narrador
sábado, 31 de dezembro de 2011
O perigo
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
A visão de uma mulher
domingo, 11 de dezembro de 2011
Uma história sobre a condição humana
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
In a sentimental mood (II)
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
In a sentimental mood
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Casa (II)
terça-feira, 22 de novembro de 2011
As afro-poesias
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Casa
Contudo, pelo menos por enquanto, vamos nos dar tempo para pensar que critérios poderiam ser estes. Isto por que se por um lado a indeterminação não pode responder nossas angústias talvez nossas angústias possam falar mais alto em busca de um critério e, então, a arbitrariedade, como mero acaso, possa nos colocar no caminho.
terça-feira, 5 de julho de 2011
A vida que vai a deriva...
Os caminhos se cruzaram, fez as naus de suas dores e alegrias tornarem-se uma só mas o mar encontrava-se revolto e seu destino tornou-se um vagar em direção a lugar nenhum. Meus caros leitores, o horizonte se apagou se desfez sem que tais naus percebessem que foram elas mesmo, não a cerração que apagou o horizonte. Saibam nada existe de mais angustiante do que o vagar perdido, mas saibam também este é um estado intermediário.
Eles não o sabiam e para descobrirem, sofreram, choraram, gritaram e na impossibilidade de abrir os olhos, mantiveram-se juntos. Não há nada mais difícil do que trocar as lentes de um óculos, não a nada mais impossível do que enxergar àquilo que não se quer ver.
Mas, as naus da vida, foram feitas para caminhar sozinha e isto de tal modo que era inevitável o fim daquela deriva sob pena de ir a pique sua própria vida. Ahhh que escolha difícil, ir-se, separar-se ou ter que enfrentar o caráter doloroso de nossa existência? Somente os espíritos com muitas forças, muita clareza de sua contradição podem, diante de tal condição, assumir um amor incondicional à vida e, conseqüentemente, hastear as velas em um rumo.
Mas que rumo? Quem dá este rumo? Ninguém meus caros é a própria presentação de nossa vida que pode fazer nossa memória aviar-se. Mas quanta dor, quanto sacrifício. Saibam, a verdade, faltam em nossos tempos espíritos dispostos a fazer tais sacrifícios obstinadamente, faltam espíritos dispostos a voltarem se para si e ser seu próprio destino.
A vida leitores, sempre vai à deriva, não se deixem levar por ela. É indispensável aceitar a luta eterna em que estamos engendrados e, com isto, assumir nossa condição. Cunhar para nós nosso próprio destino. A nossa nau navega num fluido onde não há qualquer coisa onde possamos nos esconder, sem nos afundar. As luzes do farol estão sempre apagadas e, por mais custoso que isto nos seja, somos nós que devemos acendê-las.
Também não se enganem com este texto mórbido e taciturno, há muitas promessas para todos àqueles que se aventuram neste mar e ousam enxergar um horizonte riscado à lápis nº 2, há a promessa da plenitude de nossa existência que só nós podemos conseguir. Infelizmente ou, ainda, felizmente somos nós que fazemos nosso futuro e colocamos nossa não na rota da evolução de nossos espíritos.
sábado, 18 de junho de 2011
Travessia
Certa vez ouvi
Escuta o que um um velho diz:
os dias e as noites seguem
mas não seguem pra ser feliz.
Eles são um só alento
para aqueles que caminham
ao relento, nesta travessia
que chamam viver.
Neles a chama brilha,
o negrume cintila;
neles a dúvida paira,
e a certeza baila.
Orientando a travessia,
o caminho indicam,
pro homem e pro menino
somente mostram o que
preparados estão para ver.
quarta-feira, 1 de junho de 2011
O Ciume
O que é o ciume? Esta é uma pergunta que dificilmente nós fazemos, embora estejamos sempre falando dele e emitindo considerações sobre sua natureza, falta um pouco de consideração e reflexão sobre sua realidade efetiva. Talvez esta seja uma exigência impossível de ser cumprida pois nossa natureza não é dada ao pensamento essencial das coisas mas as expressões imediatas de seus efeitos em nossa vida objetiva.
A borboleta veio e pousou sobre suas mãos tinha belas asas negras com pintas brancas, o contraste era inevitável, aquelas mãos macias e alvas como a neve destoavam por completo daquele negro sepulcral. Sentada na grama de um parque qualquer ela esperava pelo seu amor, haviam marcado às 15.30 daquele sábado; ainda assim ela esperava ali, sozinha, mesmo depois de 15 minutos. Buscava enganar-se sobre sua chegada, acreditando que ele ainda viria.
O dia, apesar de ensolarado, não era particularmente quente e as lufadas de ar que batiam sobre seu rosto meigo e de feições finas faziam esvoaçar os longos cabelos ruivos e dilatar as pupilas dos olhos azuis acinzentados. Não era o clima que era incômodo, mas sim, a espera. Cantarolava música s que lhe vinham aleatoriamente a cabeça como que pra disfarçar que olhava de minuto em minuto as horas e, ainda, que os pensamentos mais nefastos lhe vinham a cabeça.
Aturdida com o atraso de 20 minutos, agora, imaginava o que havia o prendido, por que ele estava fazendo isto com ela, que tanto lhe amava. Em última instância tinha em si a certeza da outra! Sim, sabia que o que lhe mantivera apartado de seu verdadeiro amor era algum tipo de aventura, talvez promíscua, que lhe parecera mais interessante então pensava “Ahhh que homem-menino eu fiz de minha metade não sabe, ainda, que valor tem o meu amor!”
Mas logo este pensamento terno transformou-se em irascível. O fantasma da outra tomou-lhe conta, sua confiança em seus instintos não mais permitia-lhe afastar esta hipótese, afinal era logicamente fundada. SÓ poderia ter outra! Não havia trânsito, problemas familiares, ou de qualquer sorte que o faria se afastar dela, somente a outra! Não podia crer em qualquer outra coisa, posto que esta era uma verdade clara.
Então chegou, com flores e bombons, no melhor estilo retrô com um sorriso no rosto e todo seu amor. Antes que pudesse explicar qualquer coisa viu uma pequena ficura alva levantar, chorando, desesperada, e começar a gritar: “Por que fez isto comigo? Seu canalha, você jogou fora tudo que tínhamos! Traidor, dei-te meu coração e é isto que você me dá, um chifre? Você não presta para nada só me faz sofrer. Me conte quem é a vagabunda que te fez se atrasar meia hora!”
E ele permaneceu passivo, sem saber o que dizer. Tentou argumentar que não havia outra, que a amava, mas nada pareceu convencê-la. Então foi embora, com lágrimas nos olhos. Seu atraso tinha decorrido da busca incessante pelos presentes que trazia na mão e a aliança que trazia no bolso.
O ciume tudo destrói é preciso confiança e lealdade para que qualquer coisa possa dar certo. O ciume cria fantasmas que são tão reais que atormentam nossa cabeça e nos fazem nos perder. Contudo, o ciume não é sintoma de amor mas do modo de ser de um tempo onde as pessoas são propriedades umas das outras. O amor é aquele que deixa ser, que respeita seu espaço e sua pessoa, que confia incondicionalmente, por que mais do que uma paixão da alma é um estado compassivo, ou seja, de sentir o que o outro sente.
terça-feira, 24 de maio de 2011
Uma história sobre a memória
Assim, de repente, não mais que de repente, ela se foi. Não houve acidente, foi puro acaso como uma mera brincadeira de criança. Ela se foi e o deixou na sarjeta, tirou sua vida e todo o sentido que poderia ter, pois, com ela sumiram também todos os significados, amigos, família e tudo o mais. Será que você, leitor, pode imaginar o que significa acordar perdido, sem norte, sem rumo, sem prumo? Será que pode, sequer de relance, entender?
No início seus amigos e familiares acharam que era só um gracejo, que era uma aventura, que, dada a sua idade, era normal querer algo mais da vida e, era até saudável, fazer de cada dia uma nova aventura. Contudo, logo ficou penoso e enfadonho ter que aguentar toda aquela falta de sentido, a perda dos significados que tanto lhe eram caros, de seus valores. Não restava outra saída senão abandoná-lo.
Então restou só, náufrago, à deriva, preso a um personagem. Tudo que lhe restou foi um personagem e, com ele, surgiu lépido inebriante, garboso, ele, o alcoolismo. Ora, que solução melhor para quem só tem em si a agonia de viver uma eterna representação? Pelo menos este orgulhoso companheiro permitia-lhe alternar os personagens para tantos quantos ele quisesse, ou melhor, tantos quantos sua imaginação pudesse lhe prover.
A imaginação, saiba caro leitor, difere fundamentalmente do entendimento por que este é produzido só pelos significados que podemos agregar enquanto aquela pode ser produzida apesar de qualquer significado imediato. Quero dizer a imaginação não precisa de qualquer outra coisa do que o próprio experimentar do mundo enquanto o entendimento precisa algo a mais do que isto é preciso compreender algo como sendo este algo, ou seja, é preciso que este algo signifique alguma coisa. Ahhh mas que inefável companheira passou a lhe ser útil, abrindo-lhe portas permitindo que fosse quem quisesse ser independente de qualquer coisa, sem vínculos.
Bom, o que importa, de fato, é que como um acidente ela se foi como um acidente ela voltou. Assim, o que um dia se desviou voltou a aviar-se, fétida, lúgubre, com o dedo em riste apontando para si. Sim, ela voltou provocando culpa, como se houvesse um ato de vontade que a fez se desviar. Sua memória, toda a possibilidade de sentido para a sua vida, abria-lhe de novo as portas não sem cobrar um preço.
Ao olhar no espelho não mais era capaz de ver aqueles personagens que antes lhe amoleciam a agonia do errar constante, mas sim as marcas e as rugas deixadas pelo envelhecimento causado pelo abuso do álcool. Ao olhar para o lado não havia mais companheira senão a solidão. Sua memória havia regressado, sim, como se nunca houvera partido, sim, mas tudo que ela trouxe de volta foi o sofrimento. Salvo pela possibilidade sempre radiante de cunhar novos significados para sua vida, se pensa que isto é pouco ou que não vale a pena tente ficar um dia sem a sua memória.
sábado, 21 de maio de 2011
Depois do começo... o que vier vai começar a ser o fim
Entre 78/87 no Brasil ocorreu uma efusividade artistica e política que, por assim dizer, pode se chamar de trágica. O trágico é aquele momento em as potências em jogo recolocam numa situação em que o velho precisa ser destruído e o novo criado. Nestes momentos surgem vontades que revelam potências em disputa, tais vontades manifestam-se sempre por meio de um eu que expressa um novo modelo estruturador da realidade.
Assim, Renato Russo e sua Legião embalaram os sonhos e as esperanças de toda uma juventude que ansiava por este acontecer que teve seu ápice em 1988, com a constituinte, foram centenas de emendas populares. Nelas materializou-se a decadência da potência que inspirava o sentido trágico da rebeldia, nela ocorreu a síntese possível dos novos princípios estruturadores que deveriam nortear a sociedade brasileira.
Quando tal momento chega a seu ápice retrai-se novamente aquilo que buscamos, a verdade, que só se revela como eterno movimento. Contudo, antes disto pode ser que alguns representantes desta vontade tenham a solidez, o cinismo e a malignidade de ver através da verdade; de produzir algo assim como esta música que deixo aí pra vocês. Revelando-nos que enquanto à buscamos, a verdade, mantém-se retraída e que já sempre imergimos nela enquanto seres humanos agregadores de sentido e significado para nossa própria existência. Enfim, que todo (e só) o vir-a-ser é a verdade em si mesma.
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Quando na minha infância esta canção sempre me causou curiosidade, ficava horas tentando singularmente, por versos, ou em gênero, pela música e seu contexto descobrir algo que fosse o fio de cobre amarrado no pescoço, o fio condutor que me explicaria o que deu na cabeça do Renato Russo pra escrever uma loucura destas.
Somente agora eu entendi o daimon que se apossou dele, o próprio emergir na verdade, no caos e na falta de sentido do mundo é que falou por meio de sua poesia. Este desvelar-se só é possível por um movimento que não se encontra em generalidades ou particularidades mas numa imersão na própria consciência, num despir de preconceitos. Por seu turno, este despir abre um novo mundo, um campo. Este é um locus onde se deixa tudo ser como é, ou seja, na sua própria dinâmica do vir-a-ser.
Pretensiosa? Sim, esta canção o é! Sabemos hoje que é pretensão demais que um eu possa dizer a verdade mas a seu modo e segundo suas vivências é possível alcançar algo assim como um relance, um imergir que desvela. Neste o “mundo verdadeiro” pode mostrar-se como realmente é, ou seja, como fábula da consciência. Mas este mesmo eu que deu voz ao falar da verdade, ao envio em que ela o destinou, pertence a ela, mesmo que não o saiba e, por isto, é de se esperar que em algum momento ele volte a encontrar-se e a ver algum sentido em seu significado.
Foi esta, certamente, a sensação que se apoderou de mim quando repentinamente me pus a pensar, voltando me para mim mesmo, no sentido de uma música que há muito eu havia esquecido, como um brinquedo que não tinha conseguido montar. Por tal desvelamento percebi também a criança interna que nunca esqueceu do jogo de buscar correspondência sem perceber que não há qualquer correspondência possível sem que aja um princípio estruturador que a estabeleça. Assim, não há qualquer verdade sem que se abra um campo onde o mundo possa se mostrar e na constituição de um suporte, de um eu, se fixe um princípio estruturador da realidade.
domingo, 8 de maio de 2011
O que falta a nosso tempo
Falta inocência, malignidade, egoísmo. Estas são as considerações de Nietzsche quais serão as nossas? O que falta a nosso tempo? Falta coragem, honestidade intelectual, filosofia. Falta-nos ser crianças e assumir, definitivamente, às rédeas de nosso destino. Falta convicção, o filósofo disse que não somos rãs pensantes, é exatamente isto que somos hoje! Rãs pensantes! Os problemas não nos interessam, ou só nos interessam. Já há muito esperamos pela redenção, mas tudo que vemos é a perda da capacidade de influênciar, é nossa identidade tornando-se cada vez mais ato-mística, não, não se trata de um erro. E mesmo não sendo um erro talvez seja exatamente esta mística este crer no sagrado da vida que falte a nós.
quinta-feira, 13 de janeiro de 2011
O falatório
Por que em busca do que não pode ser dito? O que não pode ser dito é o que conserva o vigor do primeiro, o que unifica. Este é o verdadeiro sentido de algo assim como Deus. Tudo o que é tocado pela palavra é tocado pelo mundo não mais é capaz de transcender, de levar aos céus. O falatório é o oposto do que silência, mas está exatamente na busca incessante por se expressar na ausculta de um apelo, o apelo daquele que nunca se deixa traduzir. Daquele que mesmo desencoberto está sempre encoberto. Daquele que estamos sempre em busca de entender. Ou seja, dos nossos primeiros sentimentos e impressões.