sábado, 31 de dezembro de 2011

O perigo

Neste dia em que termina o ano de 2011 parece ser adequado que depois de muita meditação possamos retornar à nossa busca pelo significado de casa mas, para isto, devemos primeiro recordar o que já aprendemos para a partir daí podermos seguir em frente. Senão vejamos: primeiro descobrimos que o conhecimento do sentido de casa, na espécie, responde a um apelo essencial e, justamente por isto, não está sujeito a platitudes; aprendemos ainda que tal sentido tende a se esconder e, por isto, teremos feito uma grande evolução se pudermos ao menos nos aproximar dele; por fim descobrimos que ele não pode ser revelado por uma platitude qualquer por que ele mesmo não é uma platitude qualquer.
Agora devemos, com a mesma paciência, entender claramente por que não se trata de uma platitude qualquer. Poderia dizer que o motivo de tal afirmação é que ele se encontra no plano da vida inalterável que se abre para nós por meio de imagens tecidas, mas mesmo isto seria uma repetição e, assim, uma platitude. Não, precisamos, devemos avançar! Mas como se ainda não encontramos qualquer critério capaz de nos aproximar deste apelo essencial? Devemos continuar procurando em Rilke enquanto paulatinamente nos afastamos de si.
O perigo se tornou mais seguro que a segurança. Esta é a afirmação de Rilke que segue àquela que iniciou nosso desafio e ela tem algumas coisas a nos mostrar. Ora, se as casas nada mais retém elas eram nossa segurança então, muito claramente, Rilke nos revela o que em um modo de ser determinado eram as casas: a segurança. Por outro lado, revela-nos também que elas deixaram de ser isto fazendo com que nosso trabalho não esteja terminado, pois precisamos descobrir do que elas se tratam hoje, no nosso modo de ser!
A afirmação também revela uma despotenciação da capacidade de cumprir tal função e uma valorização do perigo. Contudo, resta para nós, ainda impensado qual o sentido do perigo. Não sabemos, ainda, de que perigo o autor fala. Entretanto, podemos com certeza afirmar que este perigo por sua natureza se opõe à segurança que antes era oferecida pela casa. O que significa que este é um termo de nossa empreitada de importância capital posto que ele é o substituto desta segurança. Devo dizer, ainda, também não está suficientemente explicado do que se trata a segurança.
Mas nos atenhamos, neste momento, ao perigo por que este é o único termo de nosso caminhar que em seu significado está em consonância com o modo de ser de nosso tempo. Por isto descobrir por que ele se tornou mais seguro nos levará na direção da descoberta de qual o sentido original da segurança. Assim descobriremos também o sentido verdadeiro da segurança que a casa representou um dia e, então, poderemos perguntar pelo seu atual sentido pois poderemos perguntar por que houve a despotenciação deste valor.

Amigos, nada ficou suficientemente claro mas não nos propomos a ser claros o suficiente mas rigorosos o suficiente e impetuosos o suficiente para avançar em direção à algum lugar onde nosso problema possa obter um termo aproximado. Assim, a meditação e a demora em cada uma de nossas conclusões serve para que possamos aos poucos nos adaptar com esta vida que se presenteia para nós cada vez que ousamos rasgar o véu das imagens que tecemos. Feliz ano novo, que este pequeno escrito possa incitar o pensamento de vocês sobre quais os motivos pelos quais a segurança fugiu das casas! Abraços.

Nenhum comentário: