segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Casa (II)

Se, talvez, mesmo que por cinco minutos vocês tiverem se dado ao trabalho de pensar sobre o critério que poderia responder ao chamado pela aproximação do apelo essencial sobre o significado da casa, muito provavelmente se depararam com a mesma angústia que eu, ou seja, de não encontrar um critério seguro apto a nos aproximar do que pode ser este significado. 
Isto ocorre por que os significados revelam seu modo de ser muito facilmente, mas a aproximação de um apelo essencial é algo extremamente difícil de ocorrer. Assim, falamos platitudes com ares de verdade a todo tempo sem sequer sermos capazes de nos aproximar de algo que possa responder as nossas angústias, verdadeiramente, isto quer dizer, no seu sentido mais próprio. Então ocorre para nós um convite a pensar por que isto ocorre, mas mantenhamos nosso foco. Precisamos descobrir o que representa no modo de ser deste tempo a casa, pois só então poderemos nos questionar sobre por que nada mais ela retém, tudo lhe foge. 
O que devemos fazer então, agora que já descobrimos, pela nossa reflexão, que há tantas definições do que seja a nossa casa quantos homens e qualquer delas é suficientemente segurar para responder a este chamado? Talvez desistir, mas como se declina à um convite? Com educação, pensando conosco que talvez sequer importe nada disto? Antes de desistir, contudo, devemos pensar se é possível que isto importe em alguma coisa. Ahhh mas que angústia parecem que no pensar nossos problemas só crescem, pois como vamos descobrir a importância de algo que não sabemos, e nem temos a certeza de que poderemos saber, do que se trata?
Ora, a única resposta que me ocorre para tais problemas está, ainda, presa a Rilke, de quem inevitávelmente nos libertaremos se seguirmos no caminho deste chamado. Se desistirmos agora nada mais estaremos fazendo do que "reprimir, em si mesmas, a vida inalterável que, nessas imagens tecidas, está radiantemente aberta em sua infinita indizibilidade."
Entendam, a interpretação enquanto apropriação não nos exige a literalidade do que o autor quis dizer, então por enquanto não se prendam ao tema do texto, mas tentemos entender duas coisas: as imagens tecidas e a infinita indizibilidade. Achei desnecessário explicar que cada mente teceria uma imagem sobre o sentido de sua casa, mas esta imagem guarda alguma semelhança, que tentamos descobrir, com a vida inalterável (não no sentido estanque, mas do apelo essencial sobre o significado de um determinado conceito aplicado ao modo de ser de um tempo, neste caso, a idéia de casa)
Por fim, este texto tentou demonstrar o quanto apesar de aberto o significado do conceito que buscamos ele não é qualquer platitude que possamos pensar no dia a dia, mas sim algo infinitamente indizível, do qual somente poderemos nos aproximar se levarmos a sério a empreitada de descobrir, seu significado. Isto por que ele se reprime nestas imagens tecidas. Contudo, não pensem que esta longa explanação foi em vão, pois primeiramente descobrimos que encontrar respostas para nossos problemas não é tarefa de um minuto; descobrimos, ainda, que é importante por que trata-se da nossa vida; descobrimos que é indizível este sentido, então diminuimos nossas expectativas em relação à verdade. 

Assim, meus caros, avante devemos continuar lutando contra este dragão e ver aonde o caminho que seguimos poderá nos levar. Qual será o limite de nossas descobertas? Caminhar é mais importante do que descobrir a verdade então o convite mantém-se, que tal refletir sobre nossas descobertas. Talvez agora com mais clareza possamos levar mais a sério e com mais realismo nossa empreitada. Abraços

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