Já sabemos a morte de José Abdias não foi seu descanso, mas pior do que isto tornou-se sua obssessão. Precisava saber, precisava. Precisava saber o que o levou a morte, àquela condição. Sua palavras que haviam sido um lenitivo àqueles que precisavam tornaram-se sua condenação e seu espírito não descansaria antes de entender o porquê.
Sempre ouviu as pessoas falarem de missão, destino e nunca entendeu do que se tratava. Por isto fez de suas palavras um destino, acreditava que tendo cumprido sua missão estaria, se houvesse um pós morte, em paz. Ao revés havia terminado naquela condição escravizada. Ahh como se parece a existência. Continuava, como os seres da terra a perguntar-se qual era o sentido de sua existência, a sentir aquelas agulhadas, que todos sabemos muito bem, que nos perguntam qual é o sentido de nossa existência.
Encontrava-se, por isto, preso a matéria, incapaz de se conformar e de perdoar. Sim, precisava, precisava saber quem fora seu algoz. A obssessão tomou conta de sua alma. Não, não podia entender, como havia terminado naquele lugar cheio de lamúrios, sofrimento, dor, gritos, ecos. Fora obrigado a manter sua missão, àquela que dera para si, as palavras mas não mais com amor, mais com raiva. Não tolerava aqueles murmúrios, tão pouco podia aceitar que depois de uma vida virtuosa encontra-se num lugar onde sequer existia luz.
José Abdias encontrava atormentado encontrava-se dilacerado pelo sofrimento e perdido, sem saber para onde ir. Tudo que ele acreditava havia se perdido, sabia. Sabia também que precisava de um novo começo, mas de onde poderia vê-lo? Ahhh só poderia vê-lo na vingança, se, se, talvez pudesse destruir aqueles que o prenderam ou que o levaram àquela condição, talvez então pudesse ter um novo começo. Forjar para si um novo começo.
Ahhh como é parecida a existência. José Abdias precisava entender o que houvera e mais do que isto fazer algo que pudesse reparar sua condição. Não, não importava quantas luzes se apresentassem no seu caminho, tornou-se desconfiado, não as seguia. Acreditava ter seguido uma luz uma vez e, ainda assim, ter sido punido. Tomaria a rédea em suas mãos.
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