De todos os sofrimentos à que José
foi sujeito o pior deles foi manter-se preso a esta terra. Sua morte suscitou
todo tipo de sentimento, menos leniência. Todos a que ele levou sua palavra
amiga, todos a que ele levou conforto não estavam preparados para perdê-lo e,
por isto, não lhe deixavam ir embora, mantinham suas palavras vivas e com ela
sua prisão à toda matéria.
Não se enganem isto a tal ponto
que não falo aqui somente do vizinho, do colega de trabalho, da família, mas de
todos aqueles que se apaixonaram achando que ele tinha encontrado as duas
pontas do existir. Estes, diga-se de passagem, abriram mão de eles mesmos buscar
atar as pontas da vida e do existir. Ahhhh para que isto daria tanto trabalho,
tão cansativo.
Ora, mas quem pagou com sua própria
alma foi José Abdias, tornou-se refém. Não, ele não foi ao inferno sua condição
não permitia isto mas imagine só um ser que tudo a que se dedicou foi à buscas
juntar o impalpável e permitir uma abertura para os mortais dele lugar sagrado
ver se privado de ir até este lugar pelo egoísmo dos mesmos que quis ajudar?
Tratava-se do próprio inferno! Um
inferno de inquietude e angústia se ver escravo da matéria da qual, como se
sabe, num mero estalo ele era capaz de deixar rumo às estrelas, rumo ao começo àquilo
é a condição para que nós mesmos possamos existir. Estar no inferno é estar preso àquilo
que esta sendo, ou seja, que cambia que muda.
José Abdias viu-se proibido de
retornar ao começo por que a má interpretação de suas palavras o obrigava a
manter-se vigilante, por que sua obsessão, seu amor incondicional as suas
palavras, sua vaidade fez da propagação destas, objetos de vaidade, ambição e angústia.
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