sábado, 12 de novembro de 2011

José Abdias no Inferno


De todos os sofrimentos à que José foi sujeito o pior deles foi manter-se preso a esta terra. Sua morte suscitou todo tipo de sentimento, menos leniência. Todos a que ele levou sua palavra amiga, todos a que ele levou conforto não estavam preparados para perdê-lo e, por isto, não lhe deixavam ir embora, mantinham suas palavras vivas e com ela sua prisão à toda matéria.

Não se enganem isto a tal ponto que não falo aqui somente do vizinho, do colega de trabalho, da família, mas de todos aqueles que se apaixonaram achando que ele tinha encontrado as duas pontas do existir. Estes, diga-se de passagem, abriram mão de eles mesmos buscar atar as pontas da vida e do existir. Ahhhh para que isto daria tanto trabalho, tão cansativo.

Ora, mas quem pagou com sua própria alma foi José Abdias, tornou-se refém. Não, ele não foi ao inferno sua condição não permitia isto mas imagine só um ser que tudo a que se dedicou foi à buscas juntar o impalpável e permitir uma abertura para os mortais dele lugar sagrado ver se privado de ir até este lugar pelo egoísmo dos mesmos que quis ajudar?

Tratava-se do próprio inferno! Um inferno de inquietude e angústia se ver escravo da matéria da qual, como se sabe, num mero estalo ele era capaz de deixar rumo às estrelas, rumo ao começo àquilo é a condição para que nós mesmos possamos  existir. Estar no inferno é estar preso àquilo que esta sendo, ou seja, que cambia que muda.

José Abdias viu-se proibido de retornar ao começo por que a má interpretação de suas palavras o obrigava a manter-se vigilante, por que sua obsessão, seu amor incondicional as suas palavras, sua vaidade fez da propagação destas, objetos de vaidade, ambição e angústia.  

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