sábado, 17 de dezembro de 2011

Este homem

Quando as coisas terminam? Quando elas se iniciam? Quando não dá mais para seguir em frente relevando uma determinada situação, que se sabe que ela está perempta? Quando sabemos com certeza que é indispensável tornar determinadas coisas proscritas? Foi com estes pensamentos que este homem, que, sei leitores, que vêem agora diante de seus olhos, de altura mediana, pele branca, nariz aquilino, cabelos oleosos negros caidos por cima da testa e aquela pequena barriga descuidada de seu compulsivo sedentarismo, entrou naquele lugar. 
Talvez se perguntem agora quantos anos ele deveria ter àquela época, isto eu não saberia dizer. Com certeza o suficiente para ter coragem de voltar àquele lugar, ainda uma vez. Não por que não tivesse estado ali por muitas vezes mas por que não gostaria de, ainda uma vez, enfrentar os olhos reprovadores da Baronesa.
A Baronesa era a dona daquela casa de mulheres de vida difícil na qual tinha sido levado por um amigo em uma despedida de solteiro e onde conhecera Gabriela. De olhar altivo e um respeito próprio que não dedicava a nenhuma das mulheres que ali viviam a Baronesa lhe inspirava medo e, mais ainda, diante de sua última atitude.
Gabriela o havia encantado e, por isto, somente por isto violou seus princípios e voltou ali diversas vezes, para foder com ela. Não se enganem, foder com ela, era só uma desculpa para tê-la em sua companhia, para ver aqueles belos olhos azuis, cabelos negros lisos e sorriso gigantesco sempre prestes a aparecer. Aquele objeto tinha se tornado um afeto, tanto que logo a trepada paga foi esquecida por longas horas de conversa que faziam Gabriela se derreter. 
Para ela aquilo era uma novidade, depois de 5 anos naquela vida de puta sentia-se novamente como uma mulher. Era olhada como um indivíduo e como alguém de quem se deseja mais do que somente o sexo. Ahhh e o sexo, adorava fazer sexo com aquele homem gemia genuinamente a cada estocada que ele lhe dava. Era novamente uma mulher, não um  objeto de consumo. 
Devido a sua situação, e as coisas que já havia visto em sua vida, não podia se dar o direito de se apaixonar, de se entregar, então conservava uma condição semi-humana. Isto se revelou quando ele lhe perguntou seu verdadeiro nome, por óbvio não era Gabriela, e ela negou-se a dizer. Sim, uma proteção contra uma possível futura decepção, mas para este homem não havia como retornar estava completamente embriagado com uma puta, o que devia fazer? 
Tomou, peremptóriamente a decisão de lhe tirar daquele lugar para  ser sua mulher, e fez uma proposta a Gabriela: Ela lhe diria seu nome na quarta-feira seguinte à seu último encontro, pois seria o dia em que ele compraria sua liberdade da Baronesa. Achando que se tratava de uma mera brincadeira, Gabriela aceitou a proposta e pensou que não mais veria este homem. Eis que agora vê ele entrar com o paletó todo molhado de chuva e um maço de dinheiro amassado, mais uma vez, naquele lugar e cumprir sua promessa.

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