terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Um acidente de percurso

Joana era casada a 15 anos, tinha duas filhas pequenas 4 e 6 anos, possuia 45 anos e era 10 anos mais velha que seu marido, mas nem parecia. Já viram aquelas pessoas joviais que parecem nunca ter deixado de ter 16 ou 17 anos? Sua aparência, linda, experiente, no rosto escondia um corpo muito bem tratado, não as custas de dinheiro, mas de alimentação e felicidade. 
Tinha cabelos negros esvoaçantes e nenhuma necessidade de se mostrar, era daquele tipo de mulher que simplesmente com uma bermuda e uma camiseta chamaria a atenção não pelo seu espalhafato mas pela sua alegria. Se já tinha 10 anos de casada conservava o amor e a cumplicidade de uma namorada. Ahhh como sabia dizer sim (e também n]ao) com ternura. Tudo isto não implica que não tivesse defeitos, era geniosa e tinha seus momentos de solidão de extrema depressão, cansaço e dor. E como tais momentos eram perigosos.
Ninguém era capaz de entender por que tais momentos apareciam como uma centelha de luz que some ao mesmo instante que você tenta pegar, parecia talvez, guardar consigo algo que jamais poderia ser dito ou que não havia como ser dito. Foi em um destes momentos que tudo ocorreu, ninguém teve culpa, quanto mais Joana que não tinha o equilíbrio necessário para controlar tais momentos.
Entrou no carro, como sempre fazia, para levar suas filhas na escola e depois ir ao trabalho quando de repente foi apossada pelo gênio maligno da depressão da tristeza. Parou o carro na frente da escola mas não abriu as portas, não deu o beijo costumeiro de despedida, não disse uma palavra e de seus olhos verteram lágrimas, tão dolorosas que pareciam arrancar seus globos oculares a cada vez que desciam.
As crianças se assustaram, não pela condição da mãe, mas pelo momento que era inusitado. Certamente, entenderam, que a dor se tornara tão grande que ela não mais poderia aguentar. O carro continuou a andar e, então, quem chorava eram as crianças, copiosamente como se soubessem de seu destino.  O telefone celular tocou incessantemente, como se alguém pressentisse o ocorrido, mas Joana não atendeu, continuou errante andando com o carro em direção à lugar nenhum.
Chegou então até uma estrada onde tinha uma ribanceira e seu coração começou a palpitar. Agora sabia bem aonde estava indo e por que tinha ido até aquele lugar, mas lhe faltava coragem. Foi então que viu a sua frente um caminhão, a coragem que faltava, tentou com seu peugeout 206 ultrapassá-lo pelo acostamento, não deu.

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