domingo, 8 de janeiro de 2012

Alice (no país das maravilhas)

Quantas maravilhas existem neste mundo? O que pode fazer nossa existência valer a pena? Ahh, pobre Alice, vivia antes de Carlos, a se perguntar por estas coisas vivia em busca de um sentido mas como poderia encontrar algum se era incapaz de olhar para dentro? Se era incapaz de perceber que tudo que vale a pena é viver? Que não há sentido algum, em lugar algures fora de si; que deveria ser responsável por si mesma?
Mas o surgimento de Carlos abandonado perdido, drogado, infeliz naquele prédio, naquele apartamento minúsculo ao lado do seu retirou-lhe qualquer chance de, pelo menos por enquanto, encontrar qualquer destes pensamentos. Como os fatos externos são capazes de influenciar nossa vida interna e atrasar ou acelerar os encontros conosco dos quais não poderemos fugir. A chegada de Carlos lhe deu um sentido, curar uma alma ferida.
Mas como poderia se a sua também encontrava-se ferida! Como servir sem forças para continuar? Vivia naquele apartamento fazia alguns anos e não tinha qualquer amigo, não, não to falando de colegas, deste tinha muitos! Saia, bebia, sorria mas isto não impedia sua alma de ser triste. Na impotência deu-se para Carlos, não sexualmente, mas sua alma, e o que de mais importante uma mulher poderia nos dar. O que elas sempre nos deram?
Sem se importar sequer se seriam amadas, este era o seu cílicio, entrar num diálogo onde elas precisariam descobrir o que a outra parte pensa e sente e como elas o fizeram bem. Como um cão ela cuidou de Carlos sem sair de seu lado esperando um pouco de afeto, que como vimos, demorou mas veio. 
Surgiu então seu país das maravilhas! Sua vida agora tinha um sentido, mas tão subumano, tão insignificante, tão distante do papel grandioso que uma mulher deve ter na vida de um homem. Mas há como elas se satisfazem com pouco apesar do seu cansaço. Sim, apesar do seu cansaço as mulheres tem uma capacidade que nunca teremos, a de serem resilientes o suficiente para nos cuidar e, mesmo quando vão embora, sentem o amargor da culpa como se fosse sua responsabilidade o fim
Perdoem-me a digressão, mas Alice e seus belos azuis fitavam o passado onde nada havia sentido e caminhava sobre o mar buscando um pouco de àgua em que pudesse se agarrar, em que pudesse se esconder! Não era necessário! Esta era Alice sempre disposta a oferecer seu ouvido terno e sua boca voraz, sempre pronta a dar sem nada exigir, sem nada receber em troca. Mas será que isto é uma vida? Será que isto é o suficiente para qualquer ser humano?

Um comentário:

Aleska Lemos disse...

Gostei do texto. Amar às vezes não é o suficiente para determinadas pessoas. Depende dos valores que ela possui, mas com certeza não ter amor faz falta.